28 maio 2005

Lula Moura

PRANTO PACÍFICO
Lula Moura
No meio de tanto,
sei lá o quanto,
me vejo num canto,
só com meu pranto.
Aqui, bem quietinho,
mirando num ponto,
só vejo um deserto,
nem tanto pacífico,
de certo ponto...
Pronto!...
Alma de artista,
com fim escapista,
Sem rastro, nem pista...
Seguindo, chorando e rodopiando,
Não pára o pião.
Não pára nem pisca.
E, na contramão da Avenida Paulista,
o bandolim do Oswaldo, na mente.
Não, o artista não mente...
Só finge que sonha,
pressente...
E no coração indecente,
sorri, felizmente.
Socorro!
O delírio dizia:
Meus Mestres, meus Anjos!...
Ave Maria!... Zinha, ainda é dia.
Amiga, vem cá, larga a Prata,
sai do sal, sai da pia.
É dia de riso, e de simpatia...
Vamos pular,
pode dar linha.
Pó de Dalvinha...
Que não é do mal, não definha,
pois é de outro pó, sem igual.
Talco natural... De arroz,
que disfarça o rosto,
no antes, durante e depois.
Palco sem igual, dois-e-dois...
E, antes do pedido, um suspiro...
Ah! Eu quero, quero tanto,
sair desse pranto,
do jeito que estou...
Descabelado, zonzo,
e despalavrado.
Como?...
Então, eu fico...
Aqui sentado, e repito:
Pedindo que a vida me aceite,
e me convide a viver... No grito!...
Que a letra não está perdida!
Só está escondida,
atrás da ferida,
que já cicatriza,
indolor, inda bem...
Ainda bem,
que cheguei nesse ponto,
de paz... de encontro,
audaz.
Ponto pacífico demais...
De todas as partes, lá atrás,
eu posso dizer: - Nada mais.
O bem me quer...
O mal me quer...
E aí continuo,
marcando o ponto.
Medito num canto,
num canto de paz,
que nunca desiste:
sonho contumaz...
Droga! De novo...
Estou vendo o confronto...
E maldito ponto,
que de pacífico,
somente o oceano,
profundo de dor e lamento.
Que ponto confuso e sereno...
Mas a esperança insiste,
Pois entre tantas e tantos,
entre contas e contos,
ainda tenho o encanto,
dessa e daquela.
E tenho panos pra me cobrir...
E, neste mister mistério,
retiro meus panos,
meto-me num banho,
pra a alma lavando, sentir.
E fico por aqui, sério.
Sem planos, sem ponto,
nem tanto, nem tonto.
Nem tento...
Um Pranto Pacífico.
Eu sei, sou feliz...
Sou feliz...


Lula Moura escreve nos anjos de prata, é meu querido amigo
e afilhado, tem um coração de ouro e esse é apenas um dos escritos dele.
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e procure por Lula Moura.
vocês vão amar. Mais que amar, vão sentir