18 março 2005

Mulher, 40° à sombra

Por que continuamos juntos? Costume? Ou será covardia, medo do novo? Tenho sempre aquela esperança do renascimento, da ressureição, sei lá. É verdade, que mais na sua ausência, quando então recrio sua presença, imaginando a possibilidade de uma palavra, um gesto que pode vir, que até já veio um dia. Você fala a fala do saber, sa segurança, do pode e não pode, do tem que, do dever. E eu querendo um homem que me deseje, me fale, me escute; que não seja pai, nem filho, nem senhor, nem mesmo apenas amigo. Que possa suportar o que eu sou, e mesmo o que eu deixo de ser. Será que é esperar demais? Se às vezes nem eu me aguento...
A mulher que eu sou, quer amar e se sentir amada pelo seu homem. Você acha desnecessário demonstrar, nem é preciso mais falar. Mas não entende que assim desconfirma em mim essa mulher.
Por que não me libertar e procurar quem eu desejaria encontrar? Pode nem existir... afasto a tentação de desafiar o destino. Fico na segurança de sua dureza, do seu não, da sua silenciada presença. Distanciados, um pra cada canto, estamos juntos nessa descalorada união.
De você pouco sei, no seu espaço guardado ninguém entra. Como se nem desejasse saber muito de si próprio, quanto mais dar a conhecer. Pouco pedir, pouco dar, o mínimo indispensável. Econômico no sexo, no amor, nas finanças, no tudo. O desgaste de quem não pode se gastar.
E eu querendo desentranhar o que sinto aprisionado em você, em nós.
Impossível?

1 Comments:

At 18/3/05 10:43, Anonymous Anônimo said...

Olá Marieta!

Caramba! Gosto um tantão assim dos seus textos!

E eu quanto gosto, gosto.

Um beijo grande!

Laura

 

Postar um comentário

<< Home